domingo, 8 de abril de 2012

NOITE DE LUA



Noite de lua lírica luzindo,

volúpia louca de ficar sozinho,

pousar a testa ardente sobre o braço

lembrar... lembrar... depois chorar baixinho.



O luar de leite lambe levemente

o lombo liso das colinas boas.

Lembranças vêm acalentar minh’alma,

lilases, aliviantes, como loas.


E a noite avulta, a noite do além-tempo,

e a lua linda, lenta se avoluma.

Dorme a planície um leve sono solto

por sob o tule dos lençóis de bruma.


Noite de lua limpa que desfralda

as velas alvas do luar dolente.

Volúpia louca de embalar lembranças

depois chorar, desconsoladamente.


Luar de leite a reluzir na altura

algodoando o vale e a colina fria.

- Brilha, luar, a tua luz de lírios

é o clima astral da minha salmodia.


Noite de lua angélica lembrando

o natalino aleluiar de um sino.

Desejo tolo de olvidar as coisas,

vontade louca de voltar menino.


Noite enleada de saudade e sonho,

lentejoulada pela lua mansa,

me traz de volta a lirial imagem

de minha mãe, de quando eu criança.


Noite de lua lírica fulgindo,

imagem de uma mãe toda carinho.

vontade louca de voltar criança

e no seu colo reinstalar meu ninho.


Luar solene na calada calma,

noite repleta de lembranças boas.

Amor de mãe – oh! como me aconchegas!

Amor de mãe – oh! como me abençoas!

(Fidêncio Bogo)



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