Noite de lua lírica luzindo,
volúpia louca de ficar sozinho,
pousar a testa ardente sobre o braço
lembrar... lembrar... depois chorar baixinho.
O luar de leite lambe levemente
o lombo liso das colinas boas.
Lembranças vêm acalentar minh’alma,
lilases, aliviantes, como loas.
E a noite avulta, a noite do além-tempo,
e a lua linda, lenta se avoluma.
Dorme a planície um leve sono solto
por sob o tule dos lençóis de bruma.
Noite de lua limpa que desfralda
as velas alvas do luar dolente.
Volúpia louca de embalar lembranças
depois chorar, desconsoladamente.
Luar de leite a reluzir na altura
algodoando o vale e a colina fria.
- Brilha, luar, a tua luz de lírios
é o clima astral da minha salmodia.
Noite de lua angélica lembrando
o natalino aleluiar de um sino.
Desejo tolo de olvidar as coisas,
vontade louca de voltar menino.
Noite enleada de saudade e sonho,
lentejoulada pela lua mansa,
me traz de volta a lirial imagem
de minha mãe, de quando eu criança.
Noite de lua lírica fulgindo,
imagem de uma mãe toda carinho.
vontade louca de voltar criança
e no seu colo reinstalar meu ninho.
Luar solene na calada calma,
noite repleta de lembranças boas.
Amor de mãe – oh! como me aconchegas!
Amor de mãe – oh! como me abençoas!
(Fidêncio Bogo)
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