terça-feira, 9 de junho de 2015

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Rio Tocantins


Faz tantos anos
que o contemplei pela primeira vez,
o Tocantins,
o rio.
Um opulento substantivo
merecedor de  grandiosos adjetivos:
imponente, solene, majestoso,
poético, pitoresco, caudaloso.

            Hoje, o substantivo é o mesmo,
            os mesmos são os  adjetivos,
é o mesmo o Tocantins.
            Mas ao mesmo  tempo
é  totalmente outro,
            porque aquelas águas de outrora
            evaporaram centenas de vezes,
centenas de vezes caíram em chuva,
sabe Deus em quantos rios,
sabe Deus em quantos lagos e mares.

As águas que passam agora
não são as águas de ontem
nem serão as de amanhã.
Sem deixar de ser o mesmo
a cada dia o rio e outro.

               Dormindo sempre no mesmo arenoso leito,
               no abraço das mesmas verdejantes margens,
               acolhendo o mesmo dourado sol poente,
               espelhando o mesmo estrelado firmamento,
               murmurando as mesmas suaves canções,
               sob a evocativa poesia do mesmo luar,
               passam as águas
               mas o rio fica.

Se houvesse apenas águas paradas,
se não houvesse o passar das águas, não haveria o rio.
O rio ali está
porque não para ali,
porque eternamente passa.
A essência do rio não são as águas.
Se o rio não passa
não permanece.

               Estranho destino:
               É passando que o rio fica,
   é não sendo que o rio é.
   Não sendo amanhã o que foi hoje,
               não sendo hoje o que foi ontem,
               essa massa de águas
   torna-se rio.

Águas que fluem,
fluentes, afluentes,
confluentes, refluentes, influentes,
águas pluviais, águas fluviais.
O ser do rio
é ser e deixar de ser,
é ser e vir-a-ser,
é permanecer e mudar.

E eu?
Eu, animal racional?
Eu, mortal imortal?
O que é meu ser?
Eu me vou, me esvaio,
eu entro, eu saio,
sou em trânsito
para outra estação.
Eu permaneço se passo?
Se não passo eu morro?
Se permaneço não sou?
Meu ser é passar?
Meu não–ser é ficar?

Quem me dera ser o Tocantins:
ir-me, fluir, esvair-me,
escoar, escorrer, ondular,
refluir, derivar, prosseguir
mas deixar-me ficar
na plenitude de mim
sem nunca sair do lugar
num contínuo acabar
que nunca tem fim,
num eterno ficar
sempre no mesmo lugar.

Ser outro, ser outros,
sem nunca mudar.
Deixar-me morrer
pra continuar a viver.
Ficar imóvel qual pedra
enquanto me vou.

Tornar-me amanhã
o que ontem não fui.
Ser outro
Sem nunca jamais
deixar de ser o que sou.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Fim de semana

Esse poema, singelo e profundo, foi feito quando minha mãe (Iria) morava em Palmas e meu pai (Fidêncio) em Miracema. Eles só se viam no final de semana e, para ele, era uma espera muito longa. Sei disso, pois eu morava com ele.
É muito amor ! ♥♥♥♥♥